O Jiu-Jitsu tornou-se a grande
febre das acadêmias especializadas em Artes Marciais , em especial o Brazilian Jiu-Jitsu.
É impossível não reconhecer os bons frutos que essa alavancada dos tatames
trará para as gerações futuras (estilo de vida saudável e auto-controle). Conhecer bem a história da concepção desta Arte
Suave é um dever prazeroso aos amantes deste esporte, que se desenvolveu sobre
o preceito moral monástico da não letalidade. Aproveitem o material.
O texto a seguir é parte integrante do Trabalho de Conclusão de Curso de Paulo César Rigatto.
História do Jiu-jitsu
Estudar as origens do
Jiu-Jitsu significa se aprofundar na história da Índia e, em especial, na história
do Budismo, já que os historiadores atribuem àquele país o título de “O berço
das artes marciais”, o que ocorreu por volta do ano 500 a .C. – ou seja, há mais
de 2.500 anos.
Siddharta Gautama nasceu
no norte da Índia e sua família pertencia a uma casta nobre. Mediante a
contemplação da condição humana, criou a base da doutrina Budista com a
superação da esfera do perceptível e alcançando um estado superior (Nirvana).
Tornou-se, mais tarde, o Buda – o Iluminado (ROBBE, 2007; DA SILVA, 2003).
O Jiu-Jitsu nasceu da
necessidade dos monges budistas em se defender. Os seguidores de Buda eram
preparados com amplos conhecimentos teóricos e tinham a incumbência de pregar e
propagar a nova mensagem à humanidade. Os discípulos realizavam
longas caminhadas pelas cidades vizinhas e pelo interior da Índia com o intuito de
disseminar a doutrina budista. Consta também que eram freqüentemente abordados
por bandidos das tribos mongóis que infestavam toda essa região. Entretanto,
não podiam reagir nem fazer uso de qualquer tipo de arma, pois isso seria
considerado um atentado à moral da religião (GURGEL, 2003).
Diante dessas constantes
ameaças e recorrendo aos seus sólidos conhecimentos dos pontos
vitais do corpo humano e das leis físicas – das quais se destacam os princípios de
alavanca, momento de força, forças mecânicas de torção, tração, compressão,
flexão, extensão, equilíbrio, inércia e centro de gravidade – os religiosos
iniciaram suas pesquisas para a criação de movimentos baseados na observação de
animais e de golpes de defesa pessoal alternativos que não necessitassem do uso
de armas nem da força bruta (GURGEL, 2003; DA SILVA, 2003).
Essa iniciativa dos monges
atendia à necessidade de legítima defesa, mantendo-os adaptados aos rígidos
dogmas religiosos e ao biótipo de seu povo de características físicas franzinas
e com baixa estatura. Esse foi o embrião das técnicas que deram origem
a criação do Jiu-Jitsu (DA SILVA, 2003).
Com a expansão do Budismo
foram criados milhares de monastérios dentro e fora da Índia. Desta
maneira foi levado à China, primeiro país a ter contato com a nova arte e posteriormente
à terra do Sol Nascente. Na sua migração da Índia ao longo do continente
Asiático, o Jiu-Jitsu foi sendo ramificado, dando origem a vários estilos de
lutas oriundas de suas diversas partes. Assim, nasceram há cerca de mil anos
atrás o Sumô, o Kempô-Jitsu e o Kempô.Embora o Japão possa ter
sido o último país asiático a adquirir o conhecimento desta forma de defesa sem
armas, lá é que as artes marciais se desenvolveram e se popularizaram de uma
maneira incrível (ROBBE, 2007).
No Japão, o Jiu-Jitsu,
chamado de “Arte das Técnicas Suaves”, ou simplesmente “Arte Suave”, encontrou
as condições culturais para evoluir e aprimorar suas técnicas, dando origem a
mais de 113 estilos diferentes de Jiu-Jitsu.
Com o passar dos anos o
Jiu-Jitsu se tornou a maior arte marcial japonesa e a maior riqueza do Japão.
Na época em que predominava o feudalismo, os senhores feudais possuíam, para sua
proteção, samurais, exímios guerreiros que tinham no Jiu-Jitsu sua luta corpo a
corpo. Com o Jiu-Jitsu os samurais se tornaram poderosos e invencíveis perante
os ocidentais, apesar da grande envergadura que possuíam e possuem (YAMASHIRO,
1993; GRACIE, 2001).
Com o início da revolução
industrial houve a abertura dos portos japoneses ao Ocidente e, com isso, uma
enorme curiosidade em descobrir a cultura do povo oriental e, obviamente, o
segredo das técnicas marciais, já tão faladas no ocidente.
Neste ponto, surge a
preocupação japonesa em preservar sua cultura, assim como o conhecimento de
suas armas e técnicas de guerra (YAMASHIRO, 1993; ROBBE,
2007).
O Jiu-Jitsu é fragmentado
e, então, começam a ser exportados o Judô, o Karatê, o Aikidô, entre outras
técnicas que se desenvolveram e se tornam grandes lutas a partir do Jiu-Jitsu.
Então, as técnicas secretas de esporte passam a ser preservadas pelo imperador
japonês, que decretou crime contra a pátria Japonesa ensiná-lo fora do Japão
(GURGEL, 2003).
Com a primeira Grande
Guerra os japoneses migram para o ocidente e uma grande parte para o Brasil.
Belém do Pará foi a cidade escolhida pelo campeão japonês Mitsuo Maeda Koma
(o lendário Conde Koma), para viver.
Coincidentemente, lá
também residiam Gastão Gracie e seus filhos. Homem influente, o patriarca dos
Gracie conheceu o conde, lhe ajudando na nova cidade, e logo conquistou sua
amizade. Certo dia e como gratidão ao amigo, o Conde decidiu ensinar, na condição
de segredo, a mais perfeita forma de lutar ao filho mais velho de Gastão,
Carlos Gracie.
Do alto de sua genialidade, este logo se interessou e, em pouco
tempo, dominou com perfeição todas as técnicas e começou a ensinar também aos
irmãos (PELIGRO, 2003; ROBBE, 2007; GURGEL, 2003) Carlos Gracie não só aprendeu
a técnica como ensinou aos seus irmãos, entre eles, Hélio Gracie, o caçula da
família, que veio a ser o grande gênio nessa arte, desenvolvendo esta a ponto
de hoje ser considerado o Brazilian Jiu-Jitsu (GURGEL, 2003; DA SILVA, 2003).
Porém, no início, Hélio
tinha restrições médicas que o impediam de praticar esportes devido ao seu
físico fraco. Ele não suportava atividades físicas muito intensas e desmaiava
quando tentava fazê-las. Por outro lado, assistia às aulas do irmão e desejava muito
fazer aquilo.
Um dia seu irmão se atrasou e Hélio se transformou, a partir
daquele momento, em “professor”, pois só de olhar sabia todo o programa das
aulas com extrema perfeição. Surgiu, então, o mais perfeito lutador de todos os
tempos (GURGEL, 2003; GRACIE, 2001).
Hélio Gracie tem uma
história a parte. O maior fenômeno desse esporte desenvolveu novas técnicas tão
eficientes que foram consideradas, simplesmente, perfeitas.
O Brazilian
Jiu-Jitsu é, de fato, resultado do desenvolvimento de uma arte científica de
luta. É considerada a mais perfeita e completa forma de arte marcial,
permitindo aos mais fracos se defender e derrotar um adversário fisicamente
mais forte, com o mínimo de esforço.
Referência.
RIGATTO, P. C. Efeito do treinamento de potência muscular sobre o aprimoramento do perfil metabólico e do rendimento no “randori” em praticantes de jiu jitsu. 2008.
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