A respeitadíssima revista Brazilian Journal of Sports and
Exercise Research em 2011 publicou um artigo denominado:
AVALIAÇÃO DE UMA INTERVENÇÃO NUTRICIONAL EM LUTADORES
Lembrando que este texto foi
baseado num estudo específico bastante sério, mas que não deve ser levado como
uma regra. Todo atleta precisa passar por uma criteriosa avaliação multidisciplinar
antes de tudo, mas a informações aqui contidas servem como norteadoras de função
de certos grupos de alimentos e nutrientes.
Não deixa de ser conhecimento
agregado.
Este trabalho teve o objetivo de avaliar o estado
nutricional de atletas de modalidades de luta, e sugerir um plano alimentar
específico.
Existem poucos trabalhos que
estudam a ingestão alimentar de lutadores.
A metodologia do trabalho foi que em
avaliação inicial foram determinados: peso corporal, altura, dobras cutâneas
(para determinação da composição corporal), diário alimentar (quatro dias não
consecutivos), dados bioquímicos (uréia e creatinina plasmáticos e urinários,
glicemia de jejum, colesterol total, LDL e HDL). Foi proposto um plano
alimentar constituído basicamente pela melhor distribuição entre
macronutrientes, do número de refeições e aumento da densidade de nutrientes
essenciais. O plano foi acompanhado por três meses. Após esse período, os
atletas foram submetidos a uma nova avaliação antropométrica.
Em lutas, sabe-se que o peso
corpóreo é fator determinante para a classificação dos atletas em competições.
O American College of Sports Medicine condena, por exemplo, a perda
ponderal rápida que é muito adotada por lutadores. Estratégias de severa
restrição energética, diminuição drástica da água corporal (por indução de vômitos,
ambientes quentes, ingesta de diuréticos, supressores de apetite). Um estudo muito
sério realizado na década de 90 detectou maior prevalência de sobrepeso,
obesidade e cardiopatias nos período de destreinamento em ex-lutadores que
tinham o hábito de adotar estratégias severas para perda de peso.
Foram acompanhados 13 atletas na amostra total, sendo 07 atletas de judô e 06 atletas de jiu-jitsu,
de ambos os sexos (sete homens e seis mulheres), com idade entre 18 e 24 anos,
na cidade de Santos-SP. Na época do estudo (2001), todos os avaliados participavam
de competições e praticavam esse tipo de atividade por pelo menos duas horas
diárias. O tempo médio de treinamento
diário era de 3,5h.
As diferentes modalidades de luta utilizam como fonte de energia
predominantemente os sistemas anaeróbios: ATP-CP e glicogênio muscular, o que
justificaria a necessidade de se manter elevada o consumo de carboidratos.
Geralmente os campeonatos são lutas sucessivas, tornando assim mais intensa a utilização
do Glicogênio muscular e significativa contribuição do metabolismo aeróbio.
O baixo consumo de carboidratos
pode aumentar o risco de acidose metabólica pelo desvio dos ácidos graxos para
a formação de corpos cetônicos e pela perda de massa muscular.
A ingestão elevada de lipídeos está associada ao aparecimento de uma
série de doenças como diabetes, obesidade e alguns tipos de câncer. É
também classicamente descrito que o corpo humano transforma facilmente esse
excesso de energia em tecido adiposo, comparado ao mesmo conteúdo calórico
oriundo de carboidratos ou proteínas.
Uma das maiores preocupações
com relação ao acompanhamento de atletas, é que os efeitos prejudiciais de
condutas inadequadas possivelmente só venham a se manifestar mais drasticamente
depois de encerrada a vida esportiva do mesmo, ou seja, no período de destreinamento.
Outro ponto observado na dieta
dos atletas foi a baixa ingestão de micronutrientes, conseqüentes a um baixo
consumo de frutas, verduras, legumes e cereais integrais. Por exemplo, as
vitaminas do complexo B apresentaram-se diminuídas em relação às recomendações
estabelecidas. A deficiência dessas vitaminas, além do risco aumentado de
doenças, pode levar a maiores dificuldades na adequação na composição corporal
uma vez que as mesmas participam como co-fatores fundamentais para os processos
de oxidação de carboidratos, lipídios, e proteínas. A deficiência de tiamina
pode levar o indivíduo ao desenvolvimento de anorexia. A baixa ingestão de
folato, além de também estar relacionada ao desenvolvimento de anorexia,
aumenta o risco de anemia, perda de peso, diarréias, glossites, e alterações
dermatológicas das mais variadas.
Os níveis de cálcio também foram
encontrados abaixo do esperado. A adaptação na ingestão de cálcio é fundamental para garantir a eficiência dos processos de
contração muscular e, dado o risco aumentado de osteoporose entre mulheres,
nestas a deficiência é fator de especial atenção. O consumo de ferro por parte
das mulheres foi menor do que o recomendado.
Depois de sofrerem a intervenção
nutricional tornou-se comum ouvir relatos equivocados dos atletas que sofriam
da falsa impressão de ingerir uma quantidade demasiada de calorias devido ao
fracionamento maior da dieta proposta neste trabalho. Havia o temor de aumentar
o peso corporal. Estes atletas estavam acostumados a comer apenas 03 vezes ao
dia. Após a introdução deste habito os atletas unanimemente relataram melhora
nos treinos, o que favoreceu bastante a adesão ao tratamento.
Por fim os autores concluíram que
a orientação alimentar mostrou-se eficaz para a adequação da composição
corporal em atletas lutadores. Pressupõe-se que um período maior de aplicação
do plano alimentar pudesse trazer resultados ainda melhores. Essa estratégia
seria importante não somente na perda de peso corporal, mas também na
otimização da distribuição entre tecido adiposo e tecido magro.
Mais estudos são necessários com
o intuito de avaliar melhor este tipo de intervenção.
No Quadro 1. vemos de um lado a coluna de problemas nutricionais e do outro as alterações sugeridas pelos autores.
As tabelas a seguir trazem os achados estatísticos da pesquisa.
Bom Apetite e Consulte sempre um bom Nutricionista.
Olá, primeiramente parabens pelo blog, o mesmo é muito informativo e esta me mostrando curiosidades interessantes sobre o mundo das lutas e a saúde de atletas.
ResponderExcluirNão sou Atleta profissional, estou pensando em praticar Jiu-Jitsu como hobe, com o único intúito de desestressar, eu também penso em malhar em uma academia de musculação.
Vc acha que eu poderia seguir essas suas dicas de alimentação para ganhar massa muscular, lembrando que em minha cidade uma consulta nutricional especializada custa em média 80 reias.
Obrigado Pelo comentário favorável Igor.
ResponderExcluirComo disse anteriormente no texto essa é uma amostra bem específica entende... Os atletas são profissionais... O texto é mais informativo com relação ao que certos nutrientes se relacionam com o organismo humano.
Entendo que 80 reais em dias de crise pesam bastante, mas lembre-se de que você não pagará 80 todo mês, isso ocorre um vez por ano e você deve tomar como um investimento.
Em Teófilo Otoni conheço uma excelente Nutricionista a Drª Mª Lúcia Vasconcelos, ela faz uma excelente trabalho nesta área. Posso lhe passar o contato dele se quiser, pois afinal de contas é o Profissional mais indicado nestes casos.
Um abraço